Marilia desligou a TV, nada de interessante, como sempre. Ficava triste, nesses momentos em que a mente deixava de ser entretida e punha-se a refletir. Droga de mundo, dorga de vida, as vezes só queria deitar na cama, cobrir-se com o lençol e morrer. Sem dor, sem grandes sacrificios, só morrer.
Os dias passavam, os meses, os anos. Ontem era uma jovem cheia de possibilidades e hoje era uma velha toda enrrugada e feia.
Não que tivesse tido muita escolha, cursou até o ensino medio pois era normal que as mulheres de classe media soubessem ler mas, faculdade? Nunca, não ia precisar disso pra cuidar de seu marido, com quem noivava ainda no segundo ano. Saiu da formatura direto pro matrimônio.
Não que José fosse um marido ruim, longe disso. Não bebia ou era violento mas era tão vazio, desinteressante, sem sohos ou ambições, desejos ou paixões, apenas existia.
Tampouco fora capaz de lhe dar filhos, o medico disse que ele era estéril, assim prosseguiram a vida num casamento sem paixão, quando ele efim sucumbira de vinha o perturbando há anos, ela jpa era velha demais pra buscar um novo amor e não tinha interesse também, ou quase.
Seu Carlos despertava algumas chamas que ela julgava terem se extinguido: seu corpo forte, suas mãos calosas, contrastando com a forma carinhosa com que tratava as filhas, se pudesse ter escolhido um pai para sua hipotetica prole, seria assim.
Mas ele era quinze anos mais novo e embora nunca tivesse voltado a casar depois que a mulher morrera - o que ela nunca conseguiu entender - nunca iria olhar para uma velha como ela.
Hoje mais cedo ela vira as duas filhs de pulando o muro de casa e indo furtivamente para o ponto de onibus, cogitou ligar para o Carlos mas pensou melhor: naquela idade já estava de casamento arranjado, como queria ter podido dar uma escapadinha para namorar mas ficou preoucapada ao ver o pai delas sair desembestado com o carro da garagem.
Passou-se mais de uma hora até que o veiculo voltou, decidiu dar uma pausa para o cigarro e colher informações.
- Oi, Seu Carlos! Tudo bem?
- O-oi Dona Mairilia... Mais ou menos, acredita que essas duas furaram o castigo?
Elas olharam para o chão com caa de culpadas.
-Meu Deus! Serio?!
- É mas agora vão ficar até o proximo ano trancadas no quarto. Elas sairam para namorar acredita? Acho que minhas filhas não mais tão meninas afinal...
- Ah Seu Carlos, existem crimes piores não é verdade?
- Sim, sim claro. Se não fosse pelo fato da mais nova estar de castigo e de sererm menores de idade e estarem bebendo, tudo certo.
- Caramba, elas tiraram o dia.
- É mas fazer o que né. Entrem meninas - Elas foram cabisbaixas para casa - cá entre nós, eu na idade delas fazia muito pior.
-Olha só Seu Carlos, eu nunca ia imaginar
- Pois é, mas isso ficou no passado, depois que eu casei e tudo o mais, dai enviuvei e perdi a vontade de fazer as coisas.
- Que isso, o senhor ainda é tão novo... não devia perder o rumo, eu tambem enviuvei e cometi esse erro...
-Ora mas a senhora também é nova, não devia falar assim, olha né já esta tarde... a senhora não queria entrar e tomar um café?